segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O preço do herói

Aplaudidos pela população durante a ocupação das favelas cariocas, os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro se tornaram uma espécie de símbolo da reconquista e pacificação de territórios dominados pelos traficantes. Com o uniforme negro, adornado pela figura da caveira com uma faca cravada no crânio, o rosto pintado e camuflado, esses heróis do combate ao tráfico são reconhecidos e recompensados pelo carinho dos cariocas.


Mas os salários que recebem no final são compatíveis a quem se arrisca num cenário de confronto que lembra a guerra do Iraque? Um soldado iniciante do Bope recebe por mês R$ 1,2 mil, e um tenente, em torno de R$ 2,5 mil, em valores líquidos (sem as gratificações). Isso, após enfrentar de 2 a 3 meses de testes pesados para ingressar no batalhão de elite, em que aproximadamente 90% dos candidatos não suportam a pressão.


A semana derradeira de avaliação é conhecida, não por acaso, de “Semana do Inferno” e determina exercícios físicos extenuantes como...
...corridas diárias de 15 quilômetros com todo equipamento, atravessando trechos de águas geladas e aulas teóricas que avançam pela madrugada, sem contar as aulas de tiros e luta, em que os candidatos enfrentam profissionais do vale-tudo e do jiu-jitsu.


A remuneração dos militares do Bope é muito inferior à de homens que enfrentam situações similares. Mercenários contratados por empresas particulares no Iraque recebem, por exemplo, de US$ 500 a US$ 1,5 mil por dia, o que no final do ano daria quase R$ 1 milhão. No caso de um soldado do Bope, os vencimentos anuais muitas vezes não chegam a R$ 15 mil.


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